quinta-feira, 20 de julho de 2023

Ontem lendo um livro, li que o mais interessante das relações em sociedade são os "contratos" que ela exige. Qualquer ambiente tem suas regras. Por mais sutis que sejam estão sempre ali. Por exemplo, se você entra em um ônibus praticamente vazio, com três pessoas lá dentro, cada uma em um canto, há uma chance de 99,9% de que você sente-se sozinho também e não ao lado de alguma dessas pessoas. 

E mesmo que a regra seja não ter regra, algum acordo há de surgir!

Peguei essa informação e liguei com algumas questões: se é pra ter "contrato" em sociedade, e principalmente nas relações afetivas, que ele seja o mais original possível!!! Nunca mais uma repetição de padrões de outros contratos, de momentos que nem significam mais alguma coisa pra gente. Ou mesmo uma cópia bem fajuta de "contratos" anteriores, com as mesmas condutas, regras e blábláblá, levando tudo pro mesmo lugar... 

Relações em sociedade são para nos trazer consciência. 

É preciso ter isso em mente. Geralmente levamos essa questão, a de relações, para outro lado: para nos trazer felicidade, conforto, prazer... E acabamos por esquecer do primordial: trazer consciência! Ao ter essa concepção das relações, é quase impossível que não se aspire a necessidade de contratos novos, originais, sem repetição de padrões.

- Tá, Izabella, não tô entendendo nada... 

Vou explicar melhor: se você tá atrás de consciência, não quererá repetir os padrões de novo, de novo e de novo - "já deu disso já!!!". Você ambicionará perceber os padrões e definitivamente ACABAR COM ELES, sabe?! Concluir a tarefa e seguir em frente! E não arrastar os mesmos medos, mesmas atitudes, mesmas inseguranças, mesmas carências, mesmos projetinhos ineficientes e infundados, em todas as suas relações, pro resto da sua vida. 

Não dá. 

Inevitavelmente, ao se conscientizar disso, você será levado a "contratos" novos, que permitirão que os envolvidos caminhem em direção a uma consciência maior. E sendo um contrato nascido de uma busca conjunta por consciência, ele alinhará mais intenções do que expectativas! Por que se você tá buscando consciência, logo percebe que é mais sobre o que se pode fazer ao outro do que cobrar que ele faça. Se está com boas intenções, focado em realizá-las e a outra pessoa também... PUFT!... Passamos de ser um, pra sermos nós. Passamos a cuidar da nossa conduta de verdade e o resultado natural disso é que se torna indevido e inconveniente tantas cobranças - digo "tantas" porque é um processo, pode haver uma escorregadinha de expectativas ali ou acá.

Analisar aquilo que você achou ruim, que não quer mais, que não é você, e não se identificar com isso, não aceitar, não repetir. Simplesmente uma consciência de enxergar os padrões péssimos nos seus contratos anteriores e aniquilá-los de vez. Consciência pode ser (muita) maturidade também, não é?! Uma evolução íntima sincera. Uma doação. Um contrato de paz consigo mesmo e com o outro. 

Até a gente entender o que a gente é e como a gente é, é preciso passar por um monte de "a gente não é".  

É isso. 

quinta-feira, 13 de julho de 2023

Formidável e habitável Planeta Pedra

Antes de descobrirem a possibilidade de morar em Marte ou a certeza do céu azulado em Plutão, eu descobri o habitável Planeta Pedra. 

Você diria que encontrar uma pedra no caminho é azar? E um planeta delas?! Eu descobri o grande Planeta Pedra pelo “caminho universo”. Assim como Colombo se distraiu procurando as índias, me distraí enquanto procurava pelo “Restaurante no Fim do Universo” e acabei por não somente tropeçar em uma pedra, mas simplesmente interceptei com um planeta inteiro delas. É, inteirinho!

Há quem dirá, não me engano, que foi má sorte demais pra uma pessoinha só.


“Não entre em pânico”, Izabella, "é sobre isso e tá tudo bem"! 


Vou contar sobre o que os meus olhinhos hipermétropes e minha luzes estroboscópicas verdes neon com menos de 10% de bateria me permitiram enxergar… Primeiramente, o que enxerguei foram grandiosíssimas montanhas, montanhas de pedras. Algumas formadas por sedimentos, sedimentos de sentimentos, experiências vindas de intemperismo, alegrias e algumas pouquíssimas tristezas - tudo em cima do outro, misturado, arquitetado para espalhar por aí, como conversas que se jogam fora ou como histórias que se contam a qualquer um.

Outros tipos de montanhas que avistei por lá sofreram um grande metamorfismo: com certeza o que eram no passado, não são agora. Fizeram jus a Raul: são metamorfoses ambulantes - peraí, ambulantes, não - sofreram algumas pressões e altíssimas temperaturas, e foram elas que me permitiram conhecer melhor sobre o Planeta Pedra. Me permitiram conhecer todos os seus processos que o tornara o que ele era naquele específico momento em que me encontrara.

Vi também as magmáticas. Estas, e não somente, me fizeram desejar ficar. Eram como se trouxessem os sentimentos do mais profundo e absoluto interior do Planeta Pedra para a superfície, solidificando-os. Tornando-os visíveis em diferentes texturas, cores e composições. Parecia fogo transbordando… Fogo que se aquietara em planícies, sem medo de ser visto, tocado, observado. 

E eu? Eu fiquei ali, intrigada, inquieta, examinando a possibilidde do acaso que me levara até o Planeta Pedra. Se uma pedra no caminho já não soava muito bem, pensei por diversas vezes: - e toneladas delas, paizinho do céu?! Devo lembrar que mencionar a minha fé ali não fazia muito sentido, todavia na teimosia do meu eu, simplesmente teimava.

Era tarde demais… Já me acostumara com o Planeta Pedra em tão curto período de tempo. 

Lá tem cerveja gelada que possibilita a proliferação de vida, tem lanches sem qualquer mínimo sacrifício animal para criaturas famintas feito eu! Tem inteligência suficiente que permite conversas de 360 minutos - incrível, não?! - tem boas músicas que embalam noites e dias, tem coleção de figurinhas que arrancariam sorrisos de qualquer um, tem charme, cheiro íntimo e um solo que além de apresentar a cor mais linda que já vi, é bastante fértil para cultivo de uma boníssima amizade… 


Passei por um buraco negro, escapei!

Quem me puxou de verdade foi o Planeta Pedra - inescapável!!!


E na imensidão de borbulhas de sentimentos que o Planeta Pedra causara em mim, decidi, por conta própria, tirar a letra “a”. Essa letrinha já tinha lugar demais pra ficar… E ficara no Ar, no Amor, na Arte, na Alegria… Coloquei no lugar um círculo. Círculo é infinito, não é?! A gente não sabe onde começa e muito menos onde termina…

Então, agora, pra mim, é o formidável e habitável Planeta PedrO! Assim, desse jeitinho, com um círculo no final. Assim como deve ser: infinito. Eterno enquanto ele exista em mim, em nós.


Saudações, Planeta PedrO!

Foguetes e missões de felicidade eu te envio! 


Ah, e como diria shakira: "lucky that my breasts are small and humble, so you don't confuse them with mountains".

Fica para a história. Para a minha história.