segunda-feira, 6 de maio de 2024

Último "te amo"

 Já faz tanto tempo... Já faz tanto tempo desde a última vez que pronunciei um "te amo" de forma romântica. Eu disse e não queria dizer, mas disse porque antes já existia ali alguma forma de amor. Não queria dizer porque talvez fosse cedo demais - e nem era tanto assim. 

Tenho uma dificuldade genuína em pronunciar essas duas palavras. E pra dizê-las me dói um pouco. Vai o ego junto, pareço nua, me desfaço da fortaleza que sou, me torno a mulher frágil e talvez entregue no exato momento em que decido pronunciá-las. Nesse espaço de tempo, já não estou minimamente preocupada com a reciprocidade, sabe?! É uma coisa minha, o outro não precisa dizer na mesma intensidade ou responder o mesmo de imediato. Eu disse porque senti, senti de novo, senti inúmeras vezes, e aí acontece... Eu digo. Falo e me faz bem. É como tomar remédio pra tosse: inicialmente parece ruim, mas você toma, o que tava te incomodando desaparece e o gostinho pode ser muito bom! Você pode querer de novo!

Já faz tanto tempo... Eu disse no impulso das faíscas da paixão por alguém que nem tive algo sério, eu disse e foi remédio, me curou! Dizer "te amo" me dói, né, eu disse, mas essa vida é curta demais pra não dizer também. E dizer me cura, me salva do monótono, da característica humana moderna: não dizer e guardar, deixar brochar algo que é pra florescer e tudo por medo. Medo que não seja recíproco - e se não for? - se não for, nada de mal tem, tem de bem: você se permitiu! Você amou e permitiu que a outra pessoa soubesse, e se ela ainda não sente o mesmo ou nunca sentirá, saiba que a vida é justa demais, ela dali tirará. A balança precisa ser igual. Incrivelmente o peso do amor é de uma pena!

Li "O Pequeno Príncipe'' aos 12 anos e das muitas frases que se tornaram famosas, a que me marcou por muito tempo e ainda levo comigo foi: "tu te tornas eternamente responsável pelo que cativas". E assim penso. Já mencionei diversas vezes aqui, no blog, que não sei passar do amor incondicional pro vazio absoluto; se eu já disse que amo a alguém, o amarei pela eternidade. Claro que esse amor se torna amizade, "amor de querer bem" (não sei amar alguém de amor romântico pela segunda vez, pelo menos não até hoje). Não sei ser fria, deselegante, etc., porque ali existe um ser que já foi muitíssimo importante na minha vida e merece respeito vindo da singela simpatia existente aqui, em mim.

Me pergunto se amor genuíno já senti... Não acaba, né?! Então... Faz muito tempo porque na próxima vez que eu pronunciar essas duas palavras, que eu não tenha que ir e nem a pessoa partir. Que *não* seja eterno enquanto dure, mas que dure eternamente. Se isso ainda pode existir, e eu creio que sim, é bom, perfeito e agradável pra mim.

Já faz muito tempo... E eu ainda lembro. 

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